Como procurar trabalho
durante o expediente
Mudar de emprego quando ainda se está com
a carteira assinada é uma estratégia segura e que pode render aumentos
salariais. Saibam quais são as atitudes para uma busca eficiente
São Paulo - Em tempos de economia estagnada, como os que o
Brasil enfrenta, a melhor maneira de procurar emprego é quando ainda se está
com a carteira assinada. Fazer a transição sem enfrentar o desemprego tem
algumas vantagens.
A mais mensurável é o
impacto no bolso: quem está empregado costuma ter propostas com salários de 15%
a 30% maiores em comparação com os ganhos anteriores, segundo um levantamento realizado
em 2014. Já quem está sem trabalhar recebe propostas com salário igual ao do
último emprego ou até mais baixo.
“Se você está fora do
mercado, tem menos poder de barganha para negociar um rendimento mais alto”.
Além do ganho financeiro, um ponto positivo é a serenidade para encontrar a
vaga certa. “Como existe estabilidade financeira, os profissionais costumam
pensar mais sobre a mudança e não aceitam qualquer oferta apenas por desespero”.
Antes de enviar
currículo, entenda o motivo de seu descontentamento. O problema é o salário? O
chefe? A falta de perspectiva? Saber o que o deixa desanimado é crucial. Em
alguns casos, dá para resolver a crise internamente em uma conversa franca com
o chefe.
“Só vá para o mercado
se tiver certeza de sua decisão”, os indecisos costumam voltar atrás ao receber
uma nova proposta porque percebem que ainda não estão prontos para mudar de
emprego ou porque notam que ainda têm planos na atual empresa.
A palavra de ordem
para quem está procurando emprego nessas condições é discrição. Por isso,
selecione as pessoas com as quais vai conversar sobre o assunto. Nunca mande
uma mensagem geral para todos os conhecidos dizendo que está atrás de
oportunidades.
Quem faz isso perde o
controle sobre os rumos da informação e corre o risco de que algum dos contatos
comente o assunto com o chefe ou com um colega indiscreto. A aproximação deve
ser personalizada. Os que conhecem seu trabalho são mais cuidadosos e vai
indicá-lo para vagas condizentes com seu perfil. Vale também pedir a seus
conhecidos que não comentem sobre o assunto.
Foi o que fez Eduardo
Balardin, de 31 anos, gerente de processos do Grupo Ibmec Educacional. Sem
perspectivas de crescimento no antigo emprego como coordenador produtivo de uma
grande rede varejista, Eduardo conversou com alguns amigos sobre sua vontade de
ir para um local em que pudesse desenvolver novas habilidades e mudar de setor.
“Um amigo me falou
sobre a vaga no Ibmec. Pesquisei sobre a empresa, achei que combinava com meu
perfil e entrei no processo seletivo”, afirma. O profissional deu sorte de
estar de férias durante a etapa de entrevistas presenciais. Quando foi escolhido,
aceitou. “Fui atraído pela possibilidade de crescimento e por um cargo mais
alto.”
Um recurso para
procurar emprego sem ser notado é tirar férias. A estratégia tem a vantagem de
permitir que o profissional se concentre na busca. E a desvantagem de queimar
dias de descanso. Quem não faz isso pode conciliar a rotina do trabalho com a
dos processos seletivos.
Os recrutadores sabem
que quem está no mercado não tem tanta disponibilidade. “Marcamos conversas em
horários alternativos e até aos sábados”. Usar horários livres, como o do
almoço, é o que sugere a maioria dos recrutadores.
É possível que, em
algum momento, o profissional tenha de se ausentar do trabalho para cumprir uma
etapa do processo. O melhor é avisar com antecedência sobre sua ausência: diga
que tem um problema pessoal para resolver. Mas use o recurso com moderação para
não se prejudicar.
Uma grande saída também é se cadastrar em uma empresa de Recrutamento e Seleção de Pessoal para auxiliar na busca por vagas, principalmente as consultorias que possuem site para pesquisa de vagas disponíveis para entrevistas.
Mantenha a ética:
O local de trabalho
não é o lugar correto para procurar um novo emprego. Parece óbvio, mas não
custa lembrar que computadores e telefones corporativos devem ser usados apenas
para questões profissionais.
E as empresas podem
rastrear os equipamentos dos funcionários — e descobrir que um deles está
usando as horas de trabalho para encontrar uma maneira de deixar o emprego.
Isso também pega mal para quem está do lado de fora recrutando. “Mandar um
e-mail de seu endereço corporativo para a empresa em que você almeja trabalhar
demonstra falta de ética”, diz Carolina.
Na hora de bater o
martelo com a nova empresa, seja sincero e mantenha a cortesia. Peça para
conversar com seu chefe e diga que você quer se demitir. Conte que recebeu uma
proposta atraente e explique os motivos da saída. Não se esqueça de negociar um
período de transição. A média é de 15 dias.
Seu futuro chefe vai
querer que você comece o mais rápido possível. Se houver muita pressão para
isso, diga que você sente que deve isso em respeito à sua antiga empresa — e
que, um dia, se você deixar a nova empresa, vai querer agir do mesmo jeito.
Fonte: Revista Você S/A.